Medo de dentista

Muitos adultos têm alguma ansiedade quando vai ao dentista.Mas, para quase 15% da população adulta, essa ansiedade é exagerada, podendo ser classificada como medo ou mesmo uma fobia.

Vamos então, classificar isso:
1. Ansiedade ao atendimento odontológico: geralmente é um sentimento que vem antes da consulta odontológica. É o não saber como vai ser o consultório, como é o dentista, se vai doer, se vai passar a dor, se vai ficar bom.
2. Medo de dentista: é mais específico. A pessoa consegue dizer do que ela tem medo: de agulha, da anestesia, de cortar, do motorzinho, de engasgar, de sufocar. São vários os elementos dentro de um consultório que podem desencadear o medo.
3. Fobia de dentista: é um medo extremo. Só pensar em qualquer coisa relacionada ao atendimento odontológico pode desencadear uma reação incontrolável na pessoa.

Geralmente, esses pacientes entram em um ciclo vicioso.
1. O medo do dentista faz com que o indivíduo não faça consultas periódicas.
2. Porque ele não vai ao dentista, sua saúde bucal se deteriora.
3. Estando com os dentes ruins e a aparência feia, fica com vergonha e mais medo de tratar os dentes.
4. Só vai procurar tratamento de urgência quando tiver dor. Esse atendimento é estressante e ele fica com a memória da dor e do estresse.
5. O indivíduo fica com mais medo ainda do dentista.
(Armfield, JM et al, 2007)

De fato, pessoas com muito medo de dentista têm uma condição bucal pior que pessoas que encaram as idas ao dentista com naturalidade. Elas têm menos dentes, mais episódios de dor durante a vida e um comprometimento estético.

O medo nos adultos geralmente está associado a alguma experiência odontológica desagradável ou traumática na infância ou adolescência.

Quase metade das crianças têm medo de dentista. (Kakkar et al, 2016).
De onde vem esse medo? E como esse medo perdura pela vida adulta?

As crianças têm medos que podem ser contornados com muita conversa, paciência e acolhimento. Se uma criança tem pais que relatam experiências ruins no dentista, que ameaçam (se não escovar o dente vou te levar no dentista para ele arrancar) guardam essa impressão antes mesmo de entrar em um consultório.
Crianças que tiveram a primeira consulta odontológica porque estavam com dor também podem levar essa experiência negativa para a vida toda. (Oliveira M et al, 2015).

Mas, não ir ao dentista e deixar a dentição deteriorar pode trazer sérios prejuízos à saúde geral e ao convívio social

Mas, agora adulto, como lidar e enfrentar o medo de dentista?
1. Fale do seu medo. Fale quando marcar a consulta. Conte ao dentista do que exatamente você tem medo. É de sentir dor? É da anestesia? É do motorzinho?
2. Pergunte ao dentista. Não fique com dúvidas a respeito do que será feito na sua boca.
3. Combine um sinal com o dentista. Levantar a mão esquerda quando quiser um intervalo no tratamento, por exemplo.
4. Tenha uma distração: leve um fone de ouvidos e escute música. Ou peça para o dentista colocar sua playlist favorita para tocar. Aperte uma bolinha antiestresse. Respire com calma, relaxe.

Mas, sabemos que ir ao dentista pode ser um desafio. O que nós dentistas podemos fazer para ajudar?
1. Não deixar o paciente esperando na recepção.
2. Conversar bastante e explicar tudo o que vai ser feito.
3. Iniciar o tratamento com um procedimento tranquilo, como uma profilaxia, por exemplo.
4. Combinar sinais com o paciente.
5. Criar um ambiente relaxante.

Se nada disso funcionar, podemos ainda pensar em terapia ou sedação consciente. O importante é não negligenciar sua saúde bucal.